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Avatar de Christian von Koenig

Ótimo texto, Luizza! Enquanto eu lia, pensava se a proximidade de escritores com a loucura não tem mais a ver com uma questão econômica, já que costumam ser uns fodidos, que artística. Por exemplo, você se lembra de algum autor rico que tenha se matado?

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Avatar de Lucas Calaço Almeida Rocha

Não quero fazer propaganda minha aqui, mas, feliz coincidência, o seu texto dialoga com a minha mais recente postagem da minha página. Se quiser trocar figurinhas....

A relação que você tem com o Nabokov é a relação que eu tenho com Flaubert, um dos meus heróis literários. Me inspiro nele para lembrar que a escrita é um trabalho árduo e de muita frustração, que pode durar anos. Quando lemos suas cartas, constatamos como foi penoso para chegar aonde ele chegou. Em cartas datadas entre 1851 e 1856, ele comenta a dificuldade de dias e até de semanas para escrever uma única página, mais ainda o processo de conectar cada uma dessas páginas para moldar uma narrativa orgânica e coeza, e não simplesmente compor uma série de quadros verbalizados que não dialogam. A obra de sua vida, o poema dramático "As Tentações de Santo Antão" (1874), levou 25 anos para ser escrito, e se trata de um volume que não chega a 250 páginas. Foi complicado, o que justifica Flaubert ter escrito pouquíssimo, mas rendeu uma bibliografia invejável: "Madame Bovary", "Salammbô" (o meu favorito), "A Educação Sentimental", "Trêa Contos", "Bouvard e Pécuchet". Além disso, diz-se que Flaubert, antes de morrer, estava planejando redigir outro romance histórico que trataria da Batalha das Termópilas, o que teria sido incrível levando em consideração o que ele conseguiu estéticamente com "Salammbô", mas vai ficar só naquela ideia borgeana dos livros nunca escritos, talvez o equivalente literário do "Napoleão" de Kubrick.

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