As coisas que procuro não têm nome. A minha fala de amor não tem segredo.
Hilda Hilst
Eu me lembro de cada paixão que tive. Também não me lembro de nenhum momento em que não estivesse apaixonada. A paixão vem inebriante, vertiginosa. Cada uma com suas cores particulares. Sempre foram paixões intensas, prolongadas, profundas. Sofri a perda de todas. É muito difícil para mim abrir mão das pessoas. Não sei sentir só um pouquinho em nenhum aspecto da vida.
Sinto necessidade de viver minhas paixões. A paixão é uma entrega para o outro e uma descoberta do outro. Gosto dos pequenos gestos de amor, das loucuras das grandes paixões. Não sei idealizar ninguém, porque me interesso por aquilo que é essencialmente humano. Quero as falhas, as estalactites. Quero os exageros da paixão correspondida. Quero, como VN, escrever cartas de amor ao longo de cinquenta anos. Quero poder dizer tudo, na liberdade onde não habita o medo.
Quero também o desejo, a vontade de um amor que se renova. Nunca gostei de sofrer por amor, mas de vivenciar o amor. E isso não é tedioso, não cansa. Pelo contrário. É delicioso, inesgotável. Amar é uma escolha. Não é uma escolha complicada, mas também não é trivial. Amar não é para os covardes. Todo amor é um exercício de alteridade, de olhar para o outro. O desejo de compreender e ser compreendido é precioso e cada vez mais raro.
Lendo à sombra das moças em flor, segundo volume de Em busca do tempo perdido, obra-prima de Proust, vejo como as pessoas tornam tudo complicado – com insinuações, silêncios, subjetividades – quando seria tão fácil dizer. Quando é melhor romper o sofrimento da dúvida, muito mais perniciosa, para a felicidade do amor correspondido ou para a dor da rejeição, mais concreta e sincera. O amor romântico é tratado de maneira tão diferente de outras formas de amar e me pergunto: para quê? Os jogos de poder ganham contornos aprimorados, em uma lógica de ganhar ou perder. Não consigo entender.
Há um medo da vulnerabilidade. E ser frágil é aspecto fundamental em qualquer relação. Por que há tanto medo de sentir? De se levar pelos sentimentos? De ter sentimentos? Percebo que, para mim, é fundamental poder sentir tudo. Movimentar meu corpo com as sensações. Eu demoro para me apaixonar, mas adoro poder me apaixonar. Poder sentir e dizer. Ter a coragem de se importar com o outro como amigo, como desejo, como sujeito.
O silêncio é a dor que me tornou escritora. Preciso da linguagem para elaborar o mundo. Preciso dos gestos para elaborar o amor. E preciso amar.
Cada vez me deprime mais a covardia dos que escolhem a conveniência quando não há Desejo. Admiro cada vez mais os companheirismos para a vida, pessoas que estão-e-querem-estar-aqui-no-mesmo-lugar.
Amar não é para os covardes.
eat me.
Ando doida para ouvir histórias de amor, de paixões arrebatadoras. você já teve uma paixão ou fez alguma loucura de amor? me conta aqui, pode ser anonimamente. :)
sou assim, arrebatada pelos sentimentos. passei um tempão me definindo como racional, quando na verdade, tudo me queima por dentro com as chamas irracionais da paixão. percebi que sou romântica (e melancólica). não há nada mais libertador que se deixar sentir.
Como amo te ler ❤️